segunda-feira, 27 de maio de 2013

O TEATRO DE REVISTA


"Pimenta sim, muita pimenta
E quatro, ou cinco, ou seis lundus,
Chalaças velhas, bolorentas,
Pernas à mostra e seios nus"....
(Arthur de Azevedo)

Pode-se então caracterizar o teatro de revista como um veículo de difusão de modos e costumes, como um retrato sociológico, ou como um estimulador de riso e alegria através de falas irônicas e de duplo sentido, canções "apimentadas" e hinos picarescos.
A questão visual era uma grande preocupação em peças deste gênero, pois fazia-se necessário manter o "clima" alegre, descontraído, ao mesmo tempo em que se revelava, em última instância, a hipocrisia da sociedade. Para isso, os cenários criados eram fantasiados e multicoloridos, afim de apresentar uma realidade superdimensionada. O corpo, neste contexto, era muito valorizado, fosse pelo uso de roupas exóticas, pelo desnudamento opulento ou pelas danças.
O acompanhamento musical também era uma de suas características marcantes. Seus autores acreditavam que comentar a realidade cotidiana com a ajuda da música tornava mais agradável e eficiente a transmissão das mensagens.
Além disso, destacavam-se como elementos composicionais de uma revista o texto em verso, a presença da opereta, da comédia musicada, das representações folclóricas - o pastoril e fandango -, e da dança.
Importante ressaltar que o teatro de revista visava a agradar a diferentes segmentos da sociedade. Os elementos que a caracterizam são demonstrativos disso. A forma popular de representação abrangia a opereta, a ópera-cômica, o vandeville (interpretação de canções ligeiras e satíricas) e a revista, equivalentes para a pequena burguesia; e a forma aristocrática, exclusiva da nobreza, equivalia à ópera.
No conteúdo, a crítica de costumes. Essa mistura da sátira e crítica resultou, no Brasil, no que se convencionou chamar de burleta.




Fases

O teatro de revista brasileiro pode ser dividido em três fases.

A primeira, que teve seu auge com as peças de Arthur Azevedo, é caracterizada pela valorização do texto em relação à encenação e pela crítica feita com versos e personagens alegóricos. Nas revistas de ano - apresentadas no início de cada ano, como resumo cômico do período anterior -, as cenas curtas e episódicas que parodiavam acontecimentos reais eram ligadas por uma história conduzida, em geral, por um grupo de personagens que transita pelo Rio de Janeiro à procura de alguma coisa.


A segunda foi marcada por duas características importantes. Uma delas é a influência norte-americana na música, com a companhia de Jardel Jércolis substituindo a orquestra de cordas pela banda de jazz e a performance física do maestro, que passou a fazer parte do espetáculo. Outra foi a vinda da companhia francesa Ba-ta-clan, na década de 1920, que trouxe novas influências para o gênero: desnudou o corpo feminino, despindo-o das meias grossas. O corpo feminino passou então a ser mais valorizado em danças, quadros musicais e de fantasia, não apenas como elemento coreográfico, mas também cenográfico.


Nessa fase, a revista foi marcada pela existência de uma "rivalidade amigável" entre as primeiras estrelas de cada companhia, na disputa pela preferência dos espectadores.


Reprodução
Virginia Lane, em foto dos anos 50, a vedete "preferida" de Getúlio Vargas.

A terceira e última fase foi a do investimento em grandes espetáculos, em que um elenco formado por numerosos artistas se revezava a cada temporada. Havia a ênfase à fantasia, por meio do luxo, grandes coreografias, cenários e figurinos suntuosos. A maquinaria, a luz e os efeitos passaram a ser tão importantes quanto os atores.


Por que parou? 

Segundo o jornalista Salvyano Cavalcanti de Paiva, que pesquisou o assunto durante anos para escrever o livro Viva o Rebolado (Nova Fronteira), foi uma conjunção de fatores que acabou levando ao extermínio desse tipo de entretenimento, tão popular por quase um século. “Entre as causas apontadas por diferentes estudiosos estão, com mais freqüência, as de ordem ética, as financeiras, as políticas. Inegável é que as mudanças sociais, principalmente as ocorridas nas grandes capitais cosmopolitas, acarretando a liberação e a permissividade nos logradouros públicos, os avanços da moda de vestir ou desnudar-se da mulher e o comportamento desinibido diante dos velhos padrões constituíram componentes valiosos no ato de tornar a revista obsoleta”, explica ele na obra. A chegada da televisão freqüentemente é apontada como uma das razões que levaram o gênero à derrocada. Paiva, no entanto, não concorda. “Acusa-se a concorrência violenta, avassaladora da televisão como paradigma da derrota do teatro musicado; mas nos Estados Unidos o nível dos musicais transferidos para a TV é bem mais requintado, e nem por isso deixaram de representar revistas e burletas [rápida comédia, originária do teatro italiano do século 16, que geralmente é musicada] em Nova York”, pondera o jornalista. Embora vários fatores sejam apontados como causadores do desfecho, quando se fala de uma das mais importantes manifestações culturais que o Brasil já teve a nostalgia invade a cena. “Sempre haverá gente no mundo para se deslumbrar com as plumas, para ver o tamanho do brinco da vedete e admirar seu umbigo de fora”, disse a ex-vedete Mara Rúbia, uma das maiores de seu tempo.
O gênero e sua identidade - O Teatro de Revista era marcado por elementos recorrentes na cena. Veja o que não podia faltar

Coplas - Eram números musicais cômicos realizados em dupla 

Nu artístico - Tratava-se, na verdade, da grande sensualidade de algumas cenas, devido às pernas descobertas das vedetes 

Compère (compadre) - Era quem conduzia a narrativa e unia os números musicais 

Tipificação - Por influência da commedia dell’arte, sempre havia personagens fixos e caricaturados nas histórias, como o malandro, a mulata, o caipira e o português

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Manifesto Futurista


1. Queremos cantar o amor do perigo, o hábito à energia e à temeridade.

2. A coragem, a audácia e a rebelião serão elementos essenciais da nossa poesia.

3. Até hoje a literatura tem exaltado a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono. Queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, a velocidade, o salto mortal, a bofetada e o murro.

4. Afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza
da velocidade. Um carro de corrida adornado de grossos tubos semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia.
5. Queremos celebrar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra,
lançada a toda velocidade no circuito de sua própria órbita.

6. O poeta deve prodigalizar-se com ardor, fausto e munificência, a fim de aumentar o
entusiástico fervor dos elementos primordiais.

7. Já não há beleza senão na luta. Nenhuma obra que não tenha um caráter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças ignotas para obrigá-las a prostrar-se ante o homem.

8. Estamos no promontório extremo dos séculos!... Por que haveremos de olhar para trás, se queremos arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço
morreram ontem. Vivemos já o absoluto, pois criamos a eterna velocidade onipresente.

9. Queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o
gesto destruidor dos anarquistas, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo da
mulher.

10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de todo o tipo, e combater o moralismo, o feminismo e toda vileza oportunista e utilitária.

11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela
sublevação; cantaremos a maré multicor e polifônica das revoluções nas capitais
modernas; cantaremos o vibrante fervor noturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas luas elétricas: as estações insaciáveis, devoradoras de serpentes fumegantes: as fábricas suspensas das nuvens pelos contorcidos fios de suas fumaças; as pontes semelhantes a ginastas gigantes que transpõem as fumaças, cintilantes ao sol com um fulgor de facas; os navios a vapor aventurosos que farejam o horizonte, as locomotivas de amplo peito que se empertigam sobre os trilhos como enormes cavalos de aço refreados por tubos e o voo deslizante dos aviões, cujas hélices se agitam ao vento como bandeiras e parecem aplaudir como uma multidão entusiasta.

Filippo Tommaso Marinetti
Paris, Le Figaro, 20 de fevereiro de 1909.

Principais músicos de 1822 a 1922


DARIUS MILHAUD

      Nasceu em Marselha França, em 1892;
Foi compositor e professor de música;
Ficou conhecido pelo uso da politonalidade e do jazz;
Em 1910, ele já convivia com um grupo de modernistas;
De 1917 a 1919 viveu no Rio de Janeiro como adido da Embaixada da França;
Durante sua permanência no Rio de Janeiro, Milhaud compôs Dans les rues de Rio ;
Ampliou a música modernista no Brasil, em conceito e repertório. Deu relevância a compositores brasileiros que utilizavam dos tangos brasileiros e maxixes, como Ernesto Nazareth e Marcelo Tupinambá.
Ao retornar para a França, ele iria escrever, em 1919, Le Boeuf sur le Toit.
Nesta obra Milhaud utilizou os ritmos de musicas populares como sambas e maxixes, incluindo também o tango e o fado português.
Milhaud pretendia que Charlie Chaplin utilizasse esta música como tema de um de seus filmes.
Morreu em Genebra, Suíça, aos 81 anos de idade. 




CHIQUINHA GONZAGA

Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de outubro de 1847;
Foi a primeira maestrina e compositora mulher do Brasil;
Atuou no rico ambiente musical do Rio de Janeiro do Segundo Reinado, no qual imperavam polcas, tangos e valsas;
Educada para ser dama de salão, aos 16 anos Chiquinha se casou com o promissor empresário Jacinto Ribeiro do Amaral, escolhido por seu pai;
Quando  se apaixonou pelo engenheiro João Batista de Carvalho, abandonou o casamento e foi viver com este;
Ação judicial de divórcio perpétuo movida pelo marido no Tribunal Eclesiástico, por abandono do lar e adultério. Ela tinha 18 anos;
Precisava sobreviver de tocar piano;
Sua estreia como compositora se deu com a polca Atraente;
Professora em casas particulares e pianista no conjunto do flautista Joaquim Callado;
Em janeiro de 1885, Chiquinha Gonzaga estreou no teatro com a opereta A corte na roça;


Em 1889, regeu, no Imperial Teatro São Pedro de Alcântara, um original concerto de violões, promovendo este instrumento ainda estigmatizado;
Militante política, participante de todas as grandes causas sociais do seu tempo;
1917 – criou a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (Sbat);
Trabalhou intensamente a transição entre a música estrangeira e a nacional. Abriu o caminho e ajudou a definir os rumos da música propriamente brasileira, que se consolidaria nas primeiras décadas do século XX;
Atravessou a velhice ao lado de Joãozinho, a quem a posteridade agradece a preservação do acervo da compositora;
Chiquinha Gonzaga faleceu no Rio de Janeiro, em 28 de fevereiro de 1935, aos 87 anos de idade.



PIXINGUINHA

1897 – Nasce em 23 de abril Alfredo da Rocha Viana Filho;
1910 – Aos 12 anos de idade Pixinguinha fez sua estréia como músico;
1913 – Passou a integrar o "Grupo do Caxangá"; 1914 – Tem sua primeira composição editada pela Casa Carlos Wehrs – o tango Dominante;
1915 – Tem suas primeiras músicas gravadas: Dominante e as músicas Carne Assada e Não Tem Nome;
1917 – Compõe Carinhoso;
1919 – Cria junto com os músicos Donga, China e outros o grupo “Os Oito Batutas”, compõe Um a Zero, e o samba Já Te Digo;
1926 – Pixinguinha estréia como orquestrador e regente da Companhia Negra de Revista;
1927 – Pixinguinha se casa com Albertina, estrela da Companhia Negra de Revista;
1929 – Destaca-se no mundo da música a gravação do samba de sua autoria: Gavião calçudo;
1932 – Organizou e integrou como flautista, arranjador e regente o "Grupo da Velha Guarda", conjunto que reuniu alguns dos maiores instrumentistas brasileiros da época;
1940 – Villa-Lobos aponta Pixinguinha entre os mais representativos artistas da Música Popular Brasileira;
1946 – Inicia a parceria com o flautista Benedito Lacerda;
1954 – Sua carreira começa entrar em declínio; 1956 – É inaugurada a Rua Pixinguinha, no bairro de Olaria, Rio de Janeiro;
1957 – Pixinguinha realiza inúmeras gravações;
1958 – Recebe o Prêmio da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, diploma concedido ao melhor arranjador pelo Correio da Manhã e pela Biblioteca Nacional;
1961 – Pixinguinha é nomeado Conselheiro, atuando junto ao Conselho Nacional de Cultura;
1967 – Recebe a Ordem de Comendador do Clube de Jazz e Bossa, dirigido por R.C.Albin e Jorge 
Guinle, e o Diploma da Ordem do Mérito do Trabalho, conferido pelo Presidente da República;
1968 – É lançado o LP Gente da antiga;
1971 – A RCA Victor lança, em parceria com o M.I.S, o LP gravado ao vivo Pixinguinha 70 (extraído de concerto realizado no Teatro Municipal) e a Odeon lança o LP Som Pixinguinha;
1972 – Morre Albertina, a D. Betty (mulher de Pixinguinha);
1973 – Pixinguinha falece vítima de problemas cardíacos.


Joaquim Antônio da Silva Callado

1848 a 1880 nasceu no Rio de Janeiro
Compositor, pianista e flautista
Conhecido como Pai dos Chorões. Gêneros: choro, polca e lundu
Estudou com o maestro Henrique de Mesquita, para aprender composição e regência
Sua composição de estréia, "Querosene", foi feita em 1863, aos 15 anos, e o primeiro sucesso em 1867, uma quadrilha chamada "Carnaval”
No dia 13 de janeiro de 1869, a sua primeira polca foi publicada, chamada “Querida por todos”, dedicada à Chiquinha Gonzaga
O 1º grupo de choro – Choro Carioca ou O Choro de Callado – foi criado em 1870
Em 1873 compôs o “Lundu característico” , primeiro lundu1 apresentado em concerto. Teve êxito e foi nomeado para a cadeira de flauta no Imperial Conservatório de Música
As polcas “Como é bom” e “Cruzes, minha prima!” foram publicadas em 1875
Em 1879, devido ao seu prestígio na corte, D. Pedro II fê-lo Cavaleiro da Ordem da Rosa, condecoração máxima do Império
Curiosidade – Callado tocava choro de improviso, em casamento, batizado , aniversário, entre outras reuniões



Inicialmente composto por dois violões, uma flauta e um cavaquinho. O grupo “O Choro de Calado” começou adotando a polca-de-serenata, que trazia passagens modulantes em ritmo acelerado. No começo, o choro possuía improvisações, em que os violões criavam o ambiente para a flauta solar e o cavaquinho fazia um papel intermediário entre eles. 



“na música de Callado há uma sensibilidade nitidamente nossa, não só na lírica, como no modo de compor e no trato dos instrumentos” Renato Almeida


HEITOR VILLA-LOBOS

1887 a 1959
Nasceu no Rio de Janeiro
Maestro e compositor brasileiro
Principal responsável pela descoberta de uma linguagem peculiarmente Brasileira, na música
Considerado em vida, o maior compositor das Américas
Compôs mais de 1.000 obras

Nomes das principais músicas:
Ária (Cantilena)
Tocata (O Trenzinho do Caipira)
Uirapuru
A Maré Encheu
Kankikis
Choros Número 1
Choros Número 5
Villa-Lobos Fala

Participou da Semana da Arte Moderna de 1922
3 apresentações, sendo que, cada uma tinha um repertório diferente
Curiosidade: não teve muito público

“Sim, sou brasileiro e bem brasileiro. Na minha música eu deixo cantar os rios e os mares deste grande Brasil. Eu não ponho mordaça na exuberância tropical de nossas florestas e dos nossos céus, que eu transponho instintivamente para tudo que escrevo.” Heitor Villa-Lobos











É possível encontrar na obra de Villa-Lobos preferências por alguns recursos estilísticos:
  •  combinações inusitadas de instrumentos
  •  arcadas bem puxadas nas cordas
  •  uso de percussão popular
  •  imitação do cantos de pássaros



LUCIANO GALLET



1893 a 1931
Nasceu no Rio de Janeiro
Compositor, professor, pianista, regente e folclorista
Em 1911 ingressa no Instituto Nacional da Música e teve forte influência do Glauco Velásquez
Em 1917 tornou-se aluno do Darius Milhaud (compositor modernista francês que passou um período no Brasil), e passou a ter contato com o modernismo musical europeu
Em 1918 Gallet lançou-se como compositor, revelando em suas primeiras composições uma forte influência da música francesa
Teve contato com o movimento modernista em 1920 e começou a estudar folclore
Liderou movimentos em favor da melhoria da atividade musical no Brasil e com esta intenção, fundou e Dirigiu, em 1928, a Revista Weco. Também foi fundador da Associação Brasileira de Música em 1930


Obra e Estilo | A obra de Gallet, pode ser dividida em 3 momentos distintos
  • 1º: impressionista, sendo influenciado principalmente por Debussy e Velásquez
  •  2º: busca a representação da brasilidade atrás do seu folclore comparado, analisado e reconstituído
  •  3º: obras originais construídas a partir de material adquirido, representativas de sua feição estética pessoal
Luciano Gallet viveu no período das descobertas, quando modernismo enacionalismo se complementavam numa simultaneidade histórica, abrindo novoscaminhos à criação artística e defrontando artistas com sua própria realidade. A buscado sentido de brasilidade, se não orientou toda a sua obra, pelo menos determinou ocaminho que ele se propôs a seguir”. (ABREU, M.; GUEDES, Z. O Piano na Música Brasileira. Porto Alegre: Movimento, 1992:154)

ERNESTO NAZARETH


Ernesto Júlio de Nazareth nasceu em 30/3/1863 no Rio de Janeiro.
Começou estudar piano com sua mãe, também pianista mas que faleceu quando ele tinha apenas 10 anos. Casou-se aos 23 anos com Teodora Amália de Meireles. Tiveram quatro filhos. Odeon, composta em 1910, em homenagem ao cinema de mesmo nome onde Nazareth tocou piano por muitos anos, recebeu várias gravações ainda sem letra.
Nos anos 40, Hubaldo Maurício fez a primeira letra para o choro Odeon que foi gravado por Dircinha Costa em 1963. Em 1968 Nara Leão também quis gravar Odeon mas não gostando da letra pediu a Vinícius de Moraes que fizesse outra letra. Assim nasceu a letra gravada por Nara, com ênfase no choro e não no cinema como era a anterior.
O maestro Heitor Villa-Lobos considerava Nazareth "a verdadeira encarnação da alma brasileira".
Segundo o musicólogo Mário de Andrade, "Nazareth era um virtuoso do piano. A síncopa nas suas mãos é como o jogo de bolas do pelotiqueiro. Faz dela o que quer. Ela se transfigura, move-se dentro do compasso, irriquieta e irregular, num saracoteio perpétuo. Ninguém melhor que ele para representar o espiritamento achacoalhado e jovial do carioca". Muitos críticos consideram Nazareth como o elo de ligação entre a música clássica e a música popular do Brasil. Autor de noventa tangos, quarenta valsas, vinte polcas e outros tantos choros. As de maior sucesso foram: "Apanhei-te cavaquinho", "Odeon", "Brejeiro", "Ameno Resedá", "Dengoso", "Travesso", "Fon Fon", "Tenebroso" e muitas outras. Os abalos emocionais sofridos por Nazareth, como a morte de sua mulher e logo em seguida de sua filha, fizeram com que ficasse mentalmente muito doente, tendo sido internado em 1933, morrendo em 4/2/1934.



CARLOS GOMES

Antônio Carlos Gomes nasceu em Campinas SP, em 11 de julho de 1836. Estudou música com o pai e fez sucesso em São Paulo com o "Hino Acadêmico" e com a modinha "Quem sabe?" (Tão longe, de mim distante"), de 1860. Continuou os estudos no conservatório do Rio de Janeiro, onde foram apresentadas suas primeiras óperas: "A noite do castelo" (1861) e "Joana de Flandres" (1863).
Com uma bolsa de estudos para o conservatório, estudou em Milão com Lauro Rossi e diplomou-se em 1866. Em 19 de março de 1870 estreou no Teatro Scala de Milão com sua ópera mais conhecida, "O guarani", baseada no romance do mesmo nome, de José de Alencar. Encenada depois nas principais capitais europeias, essa ópera consagrou o autor e deu-lhe a reputação de um dos maiores compositores líricos da época.
O sucesso europeu de O Guarani repetiu-se no Brasil, onde Carlos Gomes permaneceu por alguns meses antes de retornar a Milão, com uma bolsa de estudos oferecida por D. Pedro II, para iniciar a composição "Fosca", melodrama em quatro atos que estreou em 1873 no Scala de Milão. Mal recebida pelo público e pela crítica, essa viria a ser considerada mais tarde como a mais importante de suas obras. Depois de "Salvador Rosa" (1874) e "Maria Tudor" (1879), Carlos Gomes voltou ao Brasil e foi recebido triunfalmente. Nessa temporada brasileira, dirigiu na Bahia e no Rio de Janeiro a montagem de O Guarani e de Salvador Rosa. Ainda na Bahia apresentou "Hino a Camões" e em São Paulo realizou, no Teatro São José, a primeira montagem de O Guarani.


A partir de 1882, Carlos Gomes passou a dividir seu tempo entre o Brasil e a Europa. No Teatro Lírico do Rio de Janeiro estreou "O escravo" (1889). Com a proclamação da república, perdeu o apoio oficial e a esperança de ser nomeado diretor da Escola de Música do Rio de Janeiro. Retornou então a Milão e estreou "O condor" (1891), no Scala de Milão.
Doente e em dificuldades financeiras, compôs seu último trabalho, "Colombo", oratório em quatro atos para coro e orquestra a que chamou poema vocal sinfônico e dedicou ao quarto centenário do descobrimento da América. A obra foi encenada em 1892 no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Em 1895 Carlos Gomes dirigiu O Guarani no Teatro São Carlos, de Lisboa, cidade em que recebeu a última homenagem: foi condecorado pelo rei Carlos I.
No mesmo ano chegou ao Pará, já doente, para ocupar a diretoria do Conservatório de Música de Belém, cargo criado pelo governador Lauro Sodré para ajudá-lo. Antônio Carlos Gomes morreu em Belém, no dia 16 de setembro de 1896.



ALBERTO NEPOMUCENO

Nasceu em Fortaleza no dia 6 de julho de 1864 e faleceu no Rio de Janeiro em 16 de outubro de 1920. Considerado o pai da canção de câmara brasileira, tendo insistido na necessidade de utilização do idioma nacional como mais uma forma de nacionalizar a linguagem musical. Em 1872 foi para Recife estudar piano e violino. La manteve amizade com alunos e mestres da Faculdade de Direito, entre os quais fervilhavam idéias e análises sociais de vanguarda. Tornou-se um defensor atuante das causas republicanas e abolicionistas, sem descuidar, no entanto, de suas atividades como músico.
Em 1885 mudou-se para o Rio de Janeiro, dando continuidade aos seus estudos de piano. Seu grande interesse pela literatura brasileira e pela valorização da língua portuguesa, aproximou-o de alguns dos mais importantes autores da época, surgindo, da parceria com poetas e escritores, várias composições como Artemis, Coração triste e Numa Concha. Em 1887 compôs Dança de Negros, com utilização de motivos étnicos brasileiros, e que mais tarde se tornou Batuque, da Série Brasileira. Dessa época são Mazurca, Une Fleur, Ave Maria e Marcha Fúnebre. Em 1888 foi para a Europa, com o objetivo de ampliar sua formação musical. Primeiro esteve em Roma. Em 1890 foi para Berlim, onde aperfeiçoou seu domínio da língua alemã e estudou composição.
Em 1893 casou-se com a pianista norueguesa Walborg Bang, aluna de Edvard Grieg, o mais importante compositor norueguês da época, representante máximo do nacionalismo romântico. Após seu casamento, foi morar na casa de Grieg em Bergen. Esta amizade foi fundamental para que Nepomuceno elaborasse um ideal nacionalista e, sobretudo, se definisse por uma obra atenta à riqueza cultural brasileira. Em 1894 foi para Paris aprimorar os estudos de órgão. Lá conheceu Saint-Saëns, Charles Bordes, Vicent D'Indy e outros. A convite de Charles Chabault, catedrático de grego na Sorbonne, escreveu a música incidental para a tragédia Electra. Em 1895 realizou um concerto histórico: apresentou pela primeira vez, no Instituto Nacional de Música, uma série de canções de sua autoria, em português. Estava deflagrada a guerra pela nacionalização da música erudita brasileira, contrariando aqueles que afirmavam que a língua portuguesa era inadequada para o bel canto. A luta pela nacionalização da música erudita foi ampliada com o início de suas atividades na Associação de Concertos Populares, que dirigiu por dez anos (1896-1906), promovendo o reconhecimento de compositores brasileiros. A sua coletânea de doze canções em português foi lançada em 1904. O Garatuja, comédia lírica baseada na obra homônima de José de Alencar, é considerada a primeira ópera verdadeiramente brasileira no tocante à música, ambientação e utilização da língua portuguesa. 


O link abaixo traz mais sobre o histórico da música nacional 

Manifesto Antropófago



Só a ANTROPOFAGIA nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.

Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.

Tupi, or not tupi that is the question.                                                             

Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.

Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.

Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com os sustos da psicologia impressa.

O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.

Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande.

Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.

Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.

Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.

Queremos a Revolução Caraíba. Maior que a revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.

A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.

Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. Ori Villegaignon print terre. Montaigne. O homem natural. Rosseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à revolução Surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling. Caminhamos.

Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.
Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.

Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe: ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.

O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores.
Só podemos atender ao mundo orecular.

Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem.

Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dinâmico.

O indivíduo vítima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento
das conquistas interiores.

Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros.

O instinto Caraíba.
Morte e vida das hipóteses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência.
Conhecimento. Antropofagia.

Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo.

Nunca fomos catequizados. Fizemos foi o Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.

Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro.
Catiti Catiti
Imara Notiá
Notiá Imara
Ipeju

A magia e a vida. Tínhamos a relação e a distribuição dos bens físicos, dos bens morais, dos bens dignários. E sabíamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais.

Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chama-se Galli Mathias. Comi-o.
Só não há determinismo onde há o mistério. Mas que temos nós com isso?

Contra as histórias do homem que começam no Cabo Finisterra. O mundo não datado. Não rubricado.

Sem Napoleão. Sem César.

A fixação do progresso por meio de catálogos e aparelhos de televisão. Só a maquinaria. E os transfusores de sangue.

Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas.

Contra a verdade dos povos missionários, definida pela sagacidade de um antropófago, o Visconde de

Cairu. É mentira muitas vezes repetida.

Mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jabuti.

Se Deus é a consciência do universo Incriado, guaraci é a mãe dos viventes. Jaci é a mãe dos vegetais.

Não tivemos especulação. Mas tínhamos adivinhação. Tínhamos Política que é a ciência da distribuição. E um sistema social-planetário.

As migrações. A fuga dos estados tediosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os Conservatórios e o tédio especulativo.

De William James e Voronoff. A transfiguração do Tabu em totem. Antropofagia.

O pater famílias e a criação da Moral da Cegonha: Ignorância real das coisas + fala (sic.) de imaginação +
sentimento de autoridade ante a prole curiosa.

É preciso partir de um profundo ateísmo para se chegar à idéia de Deus. Mas a caraíba não precisava. Porque tinha Guaraci.

O objetivo criado reage como os Anjos da Queda. Depois Moisés divaga. Que temos nós com isso?

Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade.

Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz.
A alegria é a prova dos nove.
No matriarcado de Pindorama.
Contra a Memória fonte do costume. A experiência pessoal renovada.

Somos concretistas. As idéias tomam conta, reagem, queimam gente nas praças públicas. Suprimamos as idéias e as outras paralisias. Pelos roteiros. Acreditar nos sinais, acreditar nos instrumentos e nas estrelas.
Contra Goethe, a mãe dos Gracos, e a Corte de D. João VI.
A alegria é a prova dos nove.

A luta entre o que se chamaria Incriado e a Criatura - ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor cotidiano e o modusvivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo sacro. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os males identificados por Freud, males catequistas. O que se dá não é uma sublimação do instinto sexual. É a escala termométrica do instinto antropofágico. De carnal, ele se torna eletivo e cria a amizade. Afetivo, o amor. Especulativo, a ciência. Desvia-se e transfere-se. Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo - a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos.

Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, - o patriarca João Ramalho fundador de São Paulo.

A nossa independência ainda não foi proclamada. Frase típica de D. João VI: - Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.

Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud - a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.
Oswald de Andrade
Em Piratininga
Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha
(Revista de Antropofagia, Ano I, No. I, maio de 1928.)

sábado, 4 de maio de 2013

História da música brasileira | Cronologia 1822 a 1922


Principais acontecimentos

1822 – a Independência do Brasil é proclamada pelo Dom Pedro I em São Paulo;
1823 – Guerra da Independência do Brasil (batalhas de Itaparica e Jenipapo);
1824 – É outorgada a primeira constituição brasileira por Dom Pedro I;
1825 – Início da Guerra da Cisplatina (América do Sul) – disputa pela posse da atual região da República Oriental do Uruguai;
1826 – a Academia Imperial de Belas Artes é inaugurada por Dom Pedro I e sua filha D. Maria II de Portugal; Em Portugal morre D. João VI que tem como sucessor legítimo D. Pedro I;
1830 – o tráfico de escravos é considerado ilegal; Morre o padre e compositor José Maurício Nunes Garcia
1831 Dom Pedro I abdica do trono em favor do filho Dom Pedro II; Confrontos entre nacionalistas e absolutistas no Rio de Janeiro, Noite das Garrafadas;
1834 – início da Cabanagem, no Pará;
1835 a 1845 – Revolução Farroupilha;
1837 – revolta da Sabinada (Bahia);
1838 – fim da revolta da Sabinada e inicio da Balaiada (Maranhão);
1864 Guerra do Paraguai
1870 – o compositor e flautista Joaquim Antônio da Silva Callado (1848-1880), considerado o pai dos "chorões", forma o conjunto Choro Carioca. Nesta época a palavra "choro"designa apenas "conjunto musical". Somente em 1910 o termo é utilizado para designar estilo musical;
1887 – Nasce, no Rio de Janeiro, Heitor Villa- Lobos (1887-1959) e o compositor, regente; e professor Oscar Lorenzo Fernandez (1887-1948) que, além de sua carreira, luta ao lado de Villa-Lobos, pela consolidação do nacionalismo musical;
1888 – Em 13 de maio, a Princesa Isabel assina a Lei Áurea, abolindo a escravatura no Brasil;
1889 – Dedicada à Princesa Isabel, estréia, no Rio de Janeiro, a ópera "O Escravo", de Carlos Gomes (1836-1896), compositor brasileiro; O comendador Carlos Monteiro e Souza, agente de Thomas Edson no Brasil, apresenta o fonógrafo ao imperador Dom Pedro II; Pondo fim ao Império liderado por Dom Pedro II, é proclamada, em 15 de novembro, a República no Brasil, pelo marechal Deodoro da Fonseca, que assume o Governo Provisório;
1890 Alexandre Levy (1864-1892), compositor brasileiro de origem judaica francesa e suíça, compõe a "Suíte Brasileira", um dos marcos do nacionalismo musical brasileiro;
1891 – O compositor Alberto Nepomuceno (1864-1920), nascido em Fortaleza, capital do estado do Ceará, escreve, em Berlim, a "Série Brasileira", da qual faz parte o "Batuque", que os críticos brasileiros da época julgaram um "verdadeiro ultraje à divina arte"; O marechal Deodoro da Fonseca renuncia e o marechal Floriano Peixoto assume a presidência do Brasil;
1892 Carlos Gomes compõe e faz estrear, no Rio de Janeiro, o oratório "Colombo", escrito para comemorar o quarto centenário do descobrimento da América;
1893 – No Rio de Janeiro, nasce Luciano Gallet (1893-1931), pianista e compositor de ascendência francesa. É companheiro de Villa-Lobos, como instrumentista, nas orquestras de salão do início do séc. XX; Em São Paulo - capital, nasce um dos mentores do modernismo brasileiro nas artes: o escritor, pesquisador de folclore e professor Mário de Andrade (1893-1945);
1894 – Morre Xisto Bahia (1841-1894), um dos grandes nomes que forma as bases da música popular brasileira; Prudente de Morais é eleito presidente da República, sendo o primeiro civil a ocupar esse posto e o primeiro a ser eleito através do voto direto;
1895 – 1º baile de máscaras do Teatro Fênix Dramático, no RJ, que destaca a presença de mulatas dançando o maxixe ao som da orquestra regida por Anacleto de Medeiros; Sob a direção de José Veríssimo, é criada a "Revista Brasileira", que se transforma na base de organização da Academia Brasileira de Letras (ABL). A publicação reúne intelectuais como Machado de Assis;
1897 – No RJ, nasce o flautista, saxofonista e compositor Alfredo Vianna da Rocha Filho, o Pixinguinha (1897-1973); Francisco Mignone, compositor, pianista, regente, professor e escritor de ascendência italiana, nasce em São Paulo (1897-1986); Campos Sales, de São Paulo, é eleito presidente da República;
1899 – A pedido do Cordão Rosa de Ouro, Chiquinha Gonzaga (1847-1935), autora de peças instrumentais, canções e operetas, escreve um de seus grandes êxitos, a marcha carnavalesca "Ô Abre Alas", vinte anos antes de fixar-se esse gênero de música;
1902 – O tcheco Fred Figner coloca à venda, em sua loja - a Casa Edson - à Rua do Ouvidor, centro do Rio de Janeiro, os primeiros gramofones e os primeiros discos gravados no Brasil e fabricados na Alemanha; Alberto Nepomuceno assume a direção do Instituto Nacional de Música (atual Escola de Música da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) e inicia forte campanha pelo canto em português, compondo, desde então, quase exclusivamente em língua nacional; O paulista Rodrigues Alves é eleito presidente da República;
1903 – Em Ubá, estado de Minas Gerais, nasce Ary Barroso (1903-1964), compositor de canções que tanto sucesso fizeram e fazem no Brasil e no exterior, além de pianista, locutor esportivo e grande divulgador da música brasileira;
1904 – Nasce Lamartine Babo (1904-1963), famoso compositor de marchinhas carnavalescas como "O Teu Cabelo Não Nega" - em parceria com os Irmãos Valença - e de hinos de times de futebol;
1905 Francisco Braga (1868-1945), compositor nascido no Rio de Janeiro, escreve, por encomenda do prefeito Pereira Passos, o "Hino à Bandeira", com versos do poeta Olavo Bilac; Nasce, no estado do Pará, o compositor e pianista Waldemar Henrique (1905-1945), que vem a se destacar, sobretudo, como autor de canções baseadas no folclore amazonense;
1906 – Em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, nasce o autor das "Brasilianas", o compositor, pianista, arranjador e regente Radamés Gnattali (1906-1988), que vê sua carreira dividida entre o universo clássico e o popular. Dirige a orquestra da Rádio Nacional do Rio de Janeiro em sua fase áurea; Afonso Pena, natural de Minas Gerais, é eleito presidente da República; Em Paris, Santos Dumont realiza, pela primeira vez em todo o mundo, o vôo público de um aeroplano, o 14-Bis;
1907 – Morre Anacleto de Medeiros (1866-1907), chorão, instrumentista versátil e organizador da primeira Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. É autor da melodia "Yara", que recebe letra do maranhense Catullo da Paixão Cearense (1866-1946) e, com esta, passa a ser intitulada "Rasga o Coração". Essa canção é utilizada por Villa-Lobos em seu "Choros Nº 10"; Em São Paulo, nasce o compositor Mozart Camargo Guarnieri (1907-1993), filho de pai italiano e mãe brasileira, que vem encontrar, em Mário de Andrade, um grande orientador; Nasce o compositor José Siqueira (1907-1985), em Conceição, estado da Paraíba. É considerado um dos organizadores da vida musical carioca, impondo à sociedade local da época uma consciência musical;
1909 – Nasce, em Portugal, a cantora, atriz e dançarina Carmen Miranda (1909-1955), que vem a ser a "pequena notável" para os brasileiros e "Brazilian bombshell" para os norte-americanos, e que, a partir da década de 1940, se torna, ao lado de Villa-Lobos, na área da cultura, uma das peças-chave da política de "boa vizinhança" criada pelos EUA; Inauguração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro; O poeta Osório Duque Estrada escreve a letra do Hino Nacional tal como é cantada hoje. Francisco Manuel da Silva (1795-1865), autor da música escrita em 1831, não imaginava estar compondo o futuro hino oficial do Brasil;
1910 – Em Vila Isabel – RJ, nasce o compositor Noel Rosa (1910-1937). Deixa, apesar de seus breves 26 anos de vida, muitos sucessos como, "Feitiço da Vila", "Três apitos", "Com que Roupa" e "Palpite Infeliz"; Eleito presidente da República o marechal Hermes da Fonseca. Inaugurada, no RJ, a Biblioteca Nacional - hoje Fundação Biblioteca Nacional - a maior da América Latina;
1911 – Nasce em Cambuquira – MG, José Vieira Brandão (1911-2002), pianista, compositor e regente coral, além de intérprete, colaborador e amigo pessoal de Villa-Lobos;
1912 – Na cidade de Exu - PE, nasce o famoso autor de "Asa Branca", Luiz Gonzaga (1912-1989), o "Rei do Baião", que também fica conhecido como Gonzagão; No Rio de Janeiro, é inaugurado o bondinho do Pão de Açúcar;
1913 – A Casa Edson instala, à Rua 28 de Setembro, na cidade do Rio de Janeiro, a fábrica de discos Odeon, a primeira da América do Sul;
1914 Nair de Teffé, esposa do presidente Hermes da Fonseca, apresenta em recepção oficial no Palácio do Catete (sede do governo brasileiro), "Gaúcho", conhecido como "O Corta-Jaca" de Chiquinha Gonzaga. Falece, no Rio de Janeiro, Glauco Velásquez (1883-1914), compositor nascido na Itália. Explora em suas últimas obras, a estética da vanguarda européia; Nasce em Petrópolis - RJ, o compositor, professor e folclorista César Guerra-Peixe (1914-1993). Nasce Dorival Caymmi, compositor baiano que escreve, entre diversos sucessos, "O que É que a Baiana Tem", imortalizado por Carmen Miranda; O Império Austro-húngaro declara guerra à Sérvia, deflagrando o início da I Guerra Mundial; Wenceslau Brás é eleito presidente da República;
1915 – Nasce em Freiburg im Breisgau, Alemanha, o professor, compositor e musicólogo Hans-Joachim Koellreutter (1915-2005), introdutor do dodecafonismo* no Brasil; *é um sistema de organização de alturas musicais
1916 – A "Revista do Brasil" - publicação dedicada a resgatar os valores da cultura nacional e discutir os principais problemas do país - é lançada em SP, sob a direção de Monteiro Lobato, o famoso autor de clássicos da literatura infantil que têm como cenário o Sítio do Pica-pau Amarelo;
1917 Donga (1889-1974), compositor de choros e sambas, e amigo de Villa-Lobos, consagra-se com o sucesso de "Pelo telefone", com letra de Mauro de Almeida; Zequinha de Abreu (1880-1935), paulista de Santa Rita de Passa Quatro, compõe o choro "Tico-Tico no Fubá", que vem a ser imortalizado na voz de Carmen Miranda;
1918 – Em Curitiba - PR, nasce Alceo Bocchino, compositor, regente, pianista, e colaborador de Villa-Lobos; Pela segunda vez, Rodrigues Alves se elege presidente da República. Passados oito meses, contrai a gripe espanhola, e o vice-presidente Delfim Moreira ocupa seu lugar; Fim da I Guerra Mundial;
1919 – Estréia na sala de espera do cinema Palais, no Rio de Janeiro, o conjunto Os Oito Batutas, tendo em sua formação, entre outros, Pixinguinha e Donga; Nasce em Manaus, capital do estado do Amazonas, o compositor e regente Claudio Santoro, cuja produção carrega forte influência dos ensinamentos obtidos com Koellreutter; Com a morte do presidente Rodrigues Alves, novas eleições são marcadas e o pleito é vencido por Epitácio Pessoa;
1920 Mário de Andrade escreve "Paulicéia Desvairada". Poemas desse livro vêm a ser declamados pelo autor na Semana de Arte Moderna, em 1922, sob vaias;
1922 – A Semana de Arte Moderna, aconteceu nos dias 11 a 18 de fevereiro. Luciano Gallet apresenta, no Instituto Nacional de Música, no RJ, recital com obras de 30 compositores brasileiros. A reação por parte dos frequentadores do Instituto é tão violenta que se faz necessária intervenção policial para sua realização. Entre os autores está Ernesto Nazareth (1863-1934), compositor e pianista que escreve, entre muitas outras obras, "Odeon", "Apanhei-te Cavaquinho" e "Brejeiro"; Nasce, em Santos, o compositor Gilberto Mendes, fundador dos Festivais de Música Nova de Santos. Arthur Bernardes é eleito presidente da República.